sábado, 9 de julho de 2011

Ilhas Diomedes


As ilhas onde EUA e Rússia se encontram, e o Leste se torna Oeste. Dois continentes, dois países. Duas culturas, dois regimes.

Há um lugar no mundo em que os territórios dos Estados Unidos e da Rússia estão a menos de 4 km de distância, mas qualquer percurso entre eles terá uma diferença de 24 horas...

Estamos falando das desconhecidas e isoladas Ilhas Diomedes, no Estreito de Bering, a inóspita porção marítima que separa o Alasca do extremo leste da Ásia, por onde provavelmente os primeiros habitantes da América atravessaram para estas terras.



Na Pequena Diomedes, seus habitantes espremem-se na íngreme encosta território norte-americano.



As duas Ilhas, conhecidas como Grande Diomedes e Pequena Diomedes são separadas por uma faixa de água de apenas 4 km, que fica congelada durante boa parte do ano, permitindo a passagem a pé entre elas. O curioso é saber que Grande Diomedes é o ponto mais a leste na Rússia, e Pequena Diomedes é o ponto mais a oeste dos Estados Unidos.

Durante o período da Guerra Fria, os nativos que habitavam as ilhas antes da colonização russa ou americana não podiam circular entre as ilhas, nem trocar qualquer tipo de informação, na área que ficou conhecida como "Cortina de Gelo". O povoado de Pequena Diomedes, com apenas 170 habitantes

Após o final da 2ª Guerra, todos os nativos da ilha russa de Grande Diomedes foram transferidos para o continente, e o arquipélago manteve um pequeno povoado apenas na ilha norte americana de Pequena Diomedes, que até hoje possui cerca de 170 habitantes, num dos locais mais isolados do planeta.


Acima, detalhe de Pequena Diomedes. Não parece nada agradável...

O que torna o lugar ainda mais curioso é que exatamente entre as duas ilhas passa a "Linha Internacional de Data", criando um fuso horário de nada menos que 24 horas numa distância que de tão pequena chega a ser visual.

A Linha Internacional de Data passa exatamente entre as ilhas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_Internacional_de_Data

Humberto Eco, em seu romance "A Ilha do dia anterior" explora muito bem as idiossincrasias de viver em Diomede...

"Meia-noite de sexta-feira, aqui no navio, é meia-noite de quinta-feira na ilha. Se da América para a Ásia viajas, perdes um dia; se, no sentido contrário viajas, ganhas um dia: eis o motivo por que o [navio] Daphne percorreu o caminho da Ásia, e vós, estúpidos, o caminho da América. Tu és agora um dia mais velho do que eu! Não é engraçado?"

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